Escondidinho de carne do sol

Gente, eu adoro escondidinho! Mas eu gosto do que a gente faz aqui em Jequié. Isso porque eu já comi em vários lugares, com várias variações e não gostei.

A primeira vez que comi um escondidinho foi num bar chamado Prosa & Versos, muito frequentado por alunos e professores da universidade e que, infelizmente, fechou. Eu não sei dizer a receita deles, mas sei que o sabor se parece muito com o que vou passar para vocês aqui. Escondidinho é um prato que não tem frescura. O melhor é com aipim e carne do sol. As variações com jabá (charque), frango e outros recheios são boas também, mas nada se compara a uma boa carne do sol frita com bastante cebola! Agora o escondidinho com batata não é bom. Comi no interior de São Paulo uma vez e não gostei. Além do mais o pessoal pega a carne, cozinha, tira todo o sabor original, coloca outros temperos e desfia para colocar no recheio. Não é bom, pelo menos não como o que vou ensinar a vocês. Outra coisa que me irrita em certos locais é que se coloca uma carne cheia de gordurinhas e o esconidinho é bom com a carne bem limpinha. Esse é um prato muuuuuito simples de se fazer. Outro dia fiz com umas sobras de aipim. Os amigos vieram para minha casa e fiz aipim cozido e carne do sol frita para comer quentinho com uma manteiguinha derretendo. Huuummmm! Aí sobrou, coloquei na geladeira e resolvi depois fazer um escondidinho. Meu marido amou! Vamos à receita que, como sempre (ou quase sempre!) não sei dizer as quantidades exatas! rsrs Ingredientes - Aipim cozido só em água e sal - Óleo de soja - Carne do sol (alcatra ou chã de dentro, também conhecida como coxão mole) - Manteiga - Cebola branca em rodelas - Leite - Queijo mussarela em fatias - Queijo parmesão ralado Modo de fazer A primeira coisa a se observar é se a carne está muito salgada, pois é preciso retirar o sal. Um conselho: não escalde a carne. Corte pequenos cubos e coloque na água para retirar o excesso de sal. Deixe por uns 15 minutos e troque a água. Repita a operação até perceber que a carne ficou com uma quantidade ideal de sal. Enquanto a carne está na água, cozinhe o aipim em água e sal até ficar molinho. Quanto mais mole ele ficar melhor para fazer o purê. Caso as raízes demorem a molecer, coloque um pouco de água gelada durante a fervura. Não precisa cozinhar na panela de pressão, ok? Aqui na Bahia a gente não faz assim. É panela normal e choque térmico. A quantidade de carne e de aipim será decidida por você, pois vai depender do tamanho do seu refratário, da quantidade de pessoas e da fome de cada um! Mas a medida de carne é sempre para forrar o fundo do refratário com uma camada só. Não precisa mais que isso. Após retirar o sal da carne, faça o seguinte: pegue uma frigideira e coloque os cubos de carne sem óleo nem nada! Só a carne! Pegue os cubos de carne com as mãos, aperte para retirar o excesso de água e coloque na frigideira. Ela vai começar a soltar água. Vá virando os cubos de carne para que eles mudem de cor, de avermelhado para acizentado. Deixe no fogo até secar essa água. Se for muita pode jogar fora o excesso. Quando não houver mais água, coloque uma quantidade de óleo de soja (não use azeite de oliva, pois muda muito o sabor) que cubra o fundo da frigideira. Frite os cubos de carne, mas não deixe torrar! Quando estiverem quase fritos, acrescente a cebola e deixe fritar até ficar mole. Apague o fogo e reserve. Em uma panela faça o purê de aipim utilizando a manteiga, o leite e uma boa parte do queijo parmesão ralado. Vá mexendo até cozinhar. Acrescente sal à gosto. Deixe numa consistência não muito firme, que escorra da panela ao ser virada, mas que não esteja como um mingau. Coloque a carne frita com a cebola no fundo do refratário. Cubra com parte do purê de aipim. Coloque algumas fatias de queijo mussarela, mas não precisa forrar todo o purê. Por último, o restante do purê e polvilhe o restante do queijo parmesão ralado. Algumas pessoas levam ao forno para gratinar. Eu não faço isso e fica maravilhoso! Bom, lendo tudo isso pode parecer difícil, mas não é. Coloquei o passo-a-passo para fazer a carne do sol, pois nem todo mundo fora do Nordeste sabe como a gente faz a carne do sol de verdade. O pessoal no Sudeste costuma colocar vários temperos, cozinhar, desfiar, mas aqui a gente faz assim, frita no óleo de soja e com cebola. Se colocar mais tempero estraga o verdadeiro sabor da carne. Veja abaixo uma foto da maneira nordestina de se fazer a carne do sol:

Se a gente quer usar num escondidinho ou numa farofa, por exemplo, é só cortar em cubinhos. Mas a aparência é esta aí.

Atenção: 1. Não coloque outros ingredientes como pimentão, tomate, tempero verde. O melhor sabor do escondidinho é esse aí que ensinei. Se você está acostumado com outra receita, algo mais sofisticado ou cheio de temperos, experimente o meu e entenderá o que digo! 2. A foto que coloquei aqui não é do que fiz. Veja que este foi gratinado e o meu não é. Minha máquina fotográfica se suicidou, mas quando eu fizer outro escondidinho e tiver uma máquina nova, mudo a foto daqui, ok?

3. Não precisa fazer nada mais para acompanhar o escondidinho. Ele é prato único.

 

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